segunda-feira, 21 de novembro de 2011

Juventude Perdida?

por Vitor Rangel - 

Jovens dão exemplo de cidadania, alto astral 
e respeito, em evento religioso na Espanha

Ganhei a oportunidade de viajar rumo à Madri para participar da Jornada Mundial da Juventude, uma semana programada com eventos direcionados aos jovens católicos que acontece a cada três anos (a próxima, com sede no Rio de Janeiro, acontecerá em 2013 em função da Copa de 2014 também ser realizada aqui) e conta com a presença do Papa Bento XVI, que lidera algumas das principais atividades. A JMJ representa o maior encontro de jovens católicos do mundo. E, por mais que eu não tivesse acompanhado o acontecido nas jornadas anteriores, tive o privilégio de receber uma chance como essa e viver uma experiência muito marcante.

É difícil descrever as emoções que sentimos em uma Jornada Mundial da Juventude. A experiência nos faz enriquecer espiritual e culturalmente. Sem exageros, o planeta se reduz a uma cidade. Povos de todos os cantos da Terra partiram rumo à Madri procurando uma renovação para suas vidas em diversos aspectos. Pessoas de países que eu nem imaginava ter católicos podiam ser vistas frequentemente. Egípcios, indianos e coreanos, por exemplo, se juntavam à quantidade assustadora de brasileiros, italianos, franceses, entre outros.

O clima era de harmonia e paz em todos os momentos. Pessoas de países rivais se tratavam como conterrâneos. E os conterrâneos, quando se encontravam, faziam festa. Os peregrinos, civilizados, não arrumavam confusões diante da sobrecarga de passageiros no metrô ou das longas filas nos restaurantes e lanchonetes. Era difícil ver algum atendente espanhol de mau humor e, entre os participantes da Jornada, era quase impossível presenciar alguém que não andasse nas ruas com um sorriso no rosto. Por exemplo, com frequência eu via pessoas se esbarrando nas ruas e ambas pediam desculpas. Sei que é um caso muito simples, mas, na atual sociedade em que vivemos, onde qualquer gota d'água vira tempestade, até atitudes pequenas como esta são raras.

É engraçado ver todos os bons fluídos que a Jornada proporcionou e saber que existem defensores de que a religião A, B, C, ou a fé, de forma geral, não levam ninguém a lugar nenhum. Ou ouvir, ainda, que a juventude do século XXI é composta por pessoas desocupadas, que não se importam com a sociedade ao seu redor e só pensam em si. Não foi bem isso que eu vi em Madri. Pude presenciar uma juventude que leva a fundo a ideia de que, se você quer mudar o mundo pra melhor, precisa começar por si mesmo. E eu fico imaginando como o nosso planeta seria mais agradável de se viver se todos pensassem assim.

É claro que, como todo grande evento, a JMJ de Madri deixou a desejar em alguns pontos. O maior deles aconteceu durante os dois últimos eventos com o Papa. O número de credenciados era muito maior do que a capacidade do local onde aconteceriam a vigília e a missa de encerramento da Jornada. Resultado: milhares de pessoas com credencial não conseguiram entrar na base aérea de Cuatro Vientos e passaram a noite entre os dois eventos finais dormindo em praças e ruas da cidade, visto que os colégios que abrigavam os peregrinos estavam fechados naquela noite. Além disso, muitos voluntários tinham boa vontade para ajudar, mas estavam mal informados e, por vezes, confundiam ainda mais os que pediam informações. Porém, não só para mim, como para a maioria dos que lá estavam, estas derrapadas foram o de menos se compararmos com as lembranças boas que entupiram nossas bagagens.

Fico muito feliz em saber que a próxima sede da Jornada Mundial da Juventude será o Rio de Janeiro e que nosso povo terá a chance de viver e, dessa vez, protagonizar, um evento tão marcante (que, diga-se de passagem, vai receber mais turistas que a Copa ou as Olimpíadas). Mas o tempo é muito curto, faltam menos de dois anos. Espero que nossas autoridades tenham ideia do tamanho do evento que está vindo para a nossa cidade e se preparem da melhor forma possível para acolher bem e passar uma boa imagem para os peregrinos da JMJ 2013 que, se foram 2,5 milhões em Madri, serão 5 milhões aqui. Quanto à experiência que os cariocas terão, minha expectativa é a de que possamos fazer uma grande reflexão depois de vivermos um momento único como esse e rever nossos conceitos sobre muitas coisas. Amém!

 
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